quarta-feira, 20 de julho de 2011

Novaenergia transformará plástico em óleo

A Wastech, empresa baiana especializada em tratamento de resíduos, está criando uma nova companhia, chamada Novaenergia, que atuará na transformação de lixo plástico em petróleo. A RJCP Equity, empresa de investimento em capital de risco, será sócia minoritária no projeto.

A Novaenergia está em fase de captação de recursos e pretende ter a primeira unidade funcionando até o fim de 2012. O investimento inicial será de R$ 25 milhões a R$ 30 milhões. No total, o plano da companhia é ter 20 fábricas no país no prazo de cinco anos, o que exigirá investimento total de R$ 540 milhões. Desse montante, R$ 54 milhões serão na forma de capital, R$ 105 milhões em dívida (incluindo linhas de Finame do BNDES e crédito do fornecedor) e R$ 381 milhões em geração de caixa.

Ao fim dos cinco anos, a previsão é de que as 20 unidades tenham uma capacidade anual de produção 224 mil m3 de petróleo leve (com mais de 44 graus API), equivalente a 1,4 milhão de barris. O petróleo produzido será refinado e vendido em forma de nafta, óleo combustível e diesel.

A primeira fábrica ficará em Salvador e será capaz de processar 450 toneladas de lixo por dia, o que equivale a um sexto do total de resíduos gerados hoje diariamente na cidade. Desse montante de lixo, a empresa vai usar somente 36 toneladas de plástico considerados difíceis de reciclar, como sacolas e filmes. Materiais como PET, PVC e sucata metálica serão vendidos e o lixo orgânico aterrado.

Para cada 36 toneladas diárias de lixo plástico que entrarem de um lado da máquina, sairão 30 mil litros de óleo leve do outro. A tecnologia de transformação de plástico em petróleo foi desenvolvida por uma empresa americana chamada Agilyx, que já faz o processo comercialmente há um ano.

Recentemente, a empresa dos EUA recebeu aporte de US$ 22 milhões do fundo Kleiner Perkins Caufield & Byers, que investiu em empresas como Amazon e Google; da Waste Management, uma das maiores empresas americanas de tratamento de resíduos; e também da divisão de capital de risco da petroleira francesa Total.

De acordo com Luciano Coimbra, presidente e controlador da Wastech e da Novaenergia, os projetos ambientais, via de regra, dão retorno financeiro muito baixo. "Não é o nosso caso. O projeto tem alto impacto ambiental e terá altíssima rentabilidade." A Wastech, que trabalha há 27 anos com tratamento de resíduos industriais perigosos, começou há cerca de quatro anos a desenvolver o projeto da Novaenergia.

Depois de pesquisar diversas tecnologias, Coimbra conheceu a Agilyx, com quem firmou, no início de 2010, um contrato de exclusividade para exploração da tecnologia no Brasil.
Engenheiro químico, Coimbra diz que o processo de transformação do plástico em petróleo é algo que está nos livros, mas que para tornar isso comercial é preciso saber alguns macetes. Em vez de pagar royalties sobre a produção, a Novaenergia vai remunerar a companhia americana a cada fábrica construída.

Coimbra diz que já tem acordo com a concessionária responsável pelo aterro de Salvador. Nesse tipo de modelo, previsto para cidades grandes, a concessionária poderá ser sócia da fábrica de transformação de plástico em petróleo - com intervalo de 30% a 70% do capital - e terá que investir no projeto. Para a prefeitura, será destinado de 2% a 3% do óleo produzido.

Outra possibilidade, pensada para cidades médias, é atuar também como concessionária e processar todos os resíduos. Um terceiro modelo estaria ligado ao plástico recolhido pelas fabricantes de produtos industrializados que precisarem montar estruturas de logística reversa, conforme previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos. (Fonte: Valor Econômico)

Petróleo da BP continua “preso” no fundo do mar

Milhões de barris de petróleo que vazaram da plataforma da BP no Golfo do México continuam presos no fundo do oceano, alerta um especialista da Suíça. Samuel Arey, químico ambiental da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), realizou pesquisas sobre o comportamento do petróleo e do gás que vazaram nas profundezas do Golfo do México.
Onze trabalhadores da plataforma morreram no acidente de 20 de abril de 2010 e o governo dos EUA estima que cerca de 206 milhões de galões de óleo vazaram a 1.600 metros abaixo da superfície do mar. O vazamento levou três meses para ser tapado e foi pior da história dos EUA.

Arey e pesquisadores do Instituto Oceanográfico Woods Hole de Massachusetts, nos Estados Unidos, usaram um aparelho teleguiado para coletar amostras em junho de 2010 a partir da base da plataforma. Assim como o bruto derramado na superfície, eles analisaram uma imensa língua a 1.100 metros abaixo da superfície que se deslocava horizontalmente.

A pesquisa foi publicada na última edição online da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.


wissisnfo.ch: Quais são as principais conclusões de sua pesquisa?
Samuel Arey: Como o petróleo e o gás sobem para a superfície, algumas substâncias são conservadas no fundo do mar por se dissolverem rapidamente na água.
Isso é diferente de um derramamento de óleo convencional, que normalmente acontece na superfície do mar. Quando isso acontece à luz, componentes voláteis, tais como os gases metano, etano e propano, mas também os hidrocarbonetos leves, como benzeno, tolueno ou xileno, tipicamente escapam rapidamente para a atmosfera.
Mas, no caso de um vazamento em águas profundas, essas substâncias não têm esta opção. Primeiro, elas são expostas à coluna d’água por muitas horas e isso permite que uma quantidade significativa de compostos seja dissolvida e retida no fundo do oceano.
Quando pensamos em aplicar os conhecimentos convencionais sobre vazamentos de petróleo e os danos ecológicos, precisamos reconhecer que há um impacto novo que precisa ser levado em conta.

swissinfo.ch: ainda há incerteza sobre o destino do óleo. Alguns cientistas dizem que até 50% ainda pode estar flutuando por aí abaixo da superfície. Quais são os seus números?
SA: Eu não sei. Uma fração significativa de óleo está presa no fundo do oceano, mas eu não sou capaz de dar um número. O estudo publicado agora irá fornecer uma base importante para podermos estimar adequadamente, em seguida, a quantidade que foi mantida.

swissinfo.ch: Será que o processo natural de intemperismo, atividade microbial e eventual evaporação, podem dissolver os resíduos de petróleo?

SA: Cada componente precisa de um determinado tempo. Alguns componentes podem ser degradados por micróbios em alguns dias, semanas ou meses, como o metano ou etano. Outros podem levar muitos anos ou mesmo décadas.
Mas, como este vazamento foi tão profundo, eu suspeito que normalmente ele não chegue à atmosfera. O tempo de transporte da água naquela profundidade para chegar à superfície é provável que seja da ordem de muitos anos, assim não é provável que a evaporação será um processo significativo.
Se o petróleo pousar em sedimentos subaquáticos pode ficar preso indefinidamente. Pode-se argumentar que a sua relevância ambiental é limitada aos organismos do sedimento no fundo do mar, mas temos experiência de derramamentos de óleo na superfície do mar que atingiram a costa, ficando enterrados em sedimentos, e que ainda se encontravam lá, relativamente fresco, 50 anos mais tarde.
Esse tipo de processo pode preservar o petróleo durante um longo tempo e continua tendo impacto ecológico sobre os organismos que vivem nesta parte do ecossistema.
swissinfo.ch: Cerca de dois milhões de galões de dissolvente foram usados para diluir o petróleo, incluindo abaixo da superfície. Tais produtos poderiam ter causado danos permanentes?
SA: Eu acho que o júri ainda não abordou essa questão. É difícil dizer de maneira geral se os dissolventes diminuem ou aumentam o impacto ambiental. Há argumentos de ambos os lados, mas nenhum me convenceu.
swissinfo.ch: Quais são as principais lições aprendidas com sua pesquisa?

SA: Eu acho que a lição mais importante é que a exploração de petróleo em alto-mar comporta riscos consideráveis que vão muito além das estimativas feitas pelas companhias que exploram esse filão. Isso continuará sendo um problema nos próximos anos à medida que aumenta a pressão para desenvolver essas zonas de perfuração. (Fonte: swissinfo.ch)

terça-feira, 19 de julho de 2011

Ibama faz audiência pública sobre hidrelétrica no rio Paraíba do Sul

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) abriu hoje (19) uma série de audiências públicas para discutir o projeto da Usina Hidrelétrica de Itaocara, que será instalada no rio Paraíba do Sul e terá impactos diretos em três municípios de Minas Gerais e cindo do estado do Rio de Janeiro.

A primeira audiência pública ocorre em Estrela Dalva (MG). Amanhã (20), a audiência pública pretende reunir os moradores do município fluminense de Aperibé. Na quinta-feira (21), será a vez de Cantagalo e, na sexta (22), Itaocara, ambos no Estado do Rio.

O Ibama também vai promover audiências públicas a partir da na semana que vem discutir a implantação da linha de transmissão de energia elétrica de 230 quilovolts (kV) entre Jauru (MT) e Porto Velho (RO). As audiências estão marcadas para os municípios de Ji-Paraná (RO), Vilhena (RO) e Jauru (MT). (Fonte: Agência Brasil)