A placa, o voto, o churrasco ... e o preço
Os coletivos lotados da cidade têm sediado interessante
debate sobre as eleições em Macaé. A galera espremida consegue fôlego pra falar
de seus candidatos, de sua decepção com a política e reproduzir boatos e
informações escutadas pelas ruas de Macaé. Embutida, vem, também, uma espécie
de cotação popular dos valores pagos por placas, serviços e votos nestas
eleições 2012.
Outro dia o assunto era o valor de R$ 600,00\mês por placa
instalada em imóvel, pago por candidatos endinheirados na região serrana. “Só isso”, desdenhou uma passageira: “Na Barra, pagam até R$ 1.200,00”, explicando,
em seguida, o grande volume de carros que passam pela ponte diariamente, e mostrando
que o mercado popular eleitoral também obedece a regras de marketing. “Já
ganhei R$ 3.000,00 numa eleição”, se gaba, encerrando o assunto antes de descer
do ônibus. É o povo que já elegeu as
campanhas eleitorais como oportunidade de renda, como uma espécie de feira de
negócios, realizada de dois em dois anos.
A última desta semana aconteceu num ônibus da linha Centro\Parque
de Tubos: uma senhora contava para alguém sentado ao seu lado que, na semana
passada, um poderoso candidato, promoveu, sem estar presente, uma “churrascada
para amigos” com cerveja à vontade num distrito da região serrana.
Depois do
pileque aplicado, duas pessoas ligadas a este candidato puxaram conversa nas
mesas sobre os sonhos e desejos dos alterados convivas. Segundo relatou a senhora, os desejos
atendidos variaram de materiais de construção a aparelhos eletrônicos, além do
pagamento em espécie de R$ 600,00 para a instalação de placas em suas
residências.
Quando a Procura encontra a Oferta, nasce o mercado. Mesmo
que ao arrepio da lei. Assim funcionam as coisas neste capitalismo de desigualdades
e exclusões .
Como salvaguardar o voto desse mercantilismo, é o desafio
imediato, para que não morram, de vez, todas as esperanças de uma política,
finalmente limpa, um dia, quem sabe ...