Nunca se falou tanto de desenvolvimento sustentável como nos
dias de hoje. E apesar de estar na pauta do dia, verifica-se, ainda, uma grande
distância do que preconiza este modelo com relação à voracidade do capitalismo
sem medidas que continua excluindo, concentrando renda e predando recursos
naturais em todo o planeta. Conferências
e reuniões se sucedem e não se estabelecem metas concretas e relevantes, para a
implantação de um novo modelo produtivo não predatório.
A legislação ambiental brasileira, que é muito boa, e de
certa forma é um instrumento para o desenvolvimento sustentável, ninguém
respeita, sobrecarregando as instâncias de fiscalização que não dão conta da
demanda. E nisso reside o perigo de um grande retrocesso. Lei nenhuma se impõe,
se não for desejada e compreendida pela sociedade. A legislação ambiental
brasileira, aperfeiçoada na década de 1980 através de lobys ambientalistas, ainda
não foi assimilada pela sociedade que a descumpre solenemente.
Faltou capacitar a população em geral e as empresas,
proporcionando os conflitos ambientais que hoje testemunhamos e perpetuando o
batido e, infelizmente, atualíssimo “Desenvolvimento X Meio Ambiente”, paradoxo
que não cabe no conceito de sustentabilidade.
Passados mais de 30 anos da Conferência de Estocolmo, que
deu as primeiras diretrizes globais sobre a questão ambiental do planeta, quase
nada foi feito de concreto para reverter a situação de degradação planetária,
salvo iniciativas isoladas de segmentos mais conscientes. Esta é a questão que
precisa ser analisada para que o verdadeiro problema seja identificado e
combatido com soluções estruturantes e de longo prazo.
Talvez não tenhamos feito nada da mesma forma que em nossa
vida cotidiana não fazemos muito esforço ou concessões para bem estar geral do
planeta.
A triste verdade é que, no íntimo, ninguém quer mudar nada.
Uma espécie de resistência crônica a mudanças que se projeta do campo pessoal
para a esfera global, principalmente aqueles que teriam que baixar seu padrão
de consumo ou se submeter a transições incertas, como por exemplo, as grandes
corporações acostumadas a lucro fácil, exploração de mão-de-obra barata e de recursos
naturais de forma predatória.
Nesta linha de raciocínio chegamos ao indivíduo e sua
estrutura mental e psicológica, sua visão do mundo e de si mesmo como peça
fundamental do enigma que no início deste III Milênio, enfrentamos.
Para qualquer abordagem que se faça dentro da questão
ambiental, chegamos, inevitavelmente, a um grande denominador comum: a Educação.
A velha fórmula já detectada, sugerida, apontada por tantos e há tempos atrás e
que não consegue superar o campo das idéias e ganhar a realidade.
Um projeto reformador para a educação que resgate valores primordiais,
capaz de impor uma ética existencial de respeito para com os demais seres, o meio
ambiente e as futuras gerações; que situe o indivíduo como parte integrante do
planeta e do universo; que aborde a realidade e valorize a vida; que incite a
criatividade e a expressão artística; e que busque o cidadão integral.
Utopia ou não, é atrás disso que temos que correr!