terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Carapebus cria quatro novas unidades de conservação

    Lagoa de Carapebus (FM)


Em tempos de retrocessos, um sinal de que nem tudo está perdido, pelo menos na área ambiental, veio de um pequeno Município do Norte do Estado do Rio de janeiro. Carapebus, vizinha de Macaé, Quissamã e Conceição de Macabu, 15 mil habitantes distribuídos em 305 km², reservou mais 10% de seu território à preservação ambiental, criando quatro novas unidades de conservação municipais no entorno do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, cuja maior parte encontra-se em seu território.

Os decretos, publicados em meados de Janeiro, protegem mais de 3 mil ha dentro do território Municipal, que vem se somar aos 14 mil ha de restinga já protegidas nos limites do Parque de Jurubatiba, criado em 1998. São mais uma Área de proteção Ambiental – APA, outro Parque, um Monumento Natural e um Refúgio de Vida Silvestre.

A Apa de Carapeba Boa, com 1563 ha, protege nascentes e córregos que abastecem a Lagoa de Carapebus e a represa de Maricota; o Monumento Natural Municipal São Simão, com 211,5 ha, deverá focar no turismo ecológico; o Parque Natural Municipal da Restinga de Carapebus, com 1073 ha, protege boa parte do entorno do Parque de Jurubatiba; e o Refúgio de Vida Silvestre Fazenda São Lázaro, com 197 ha, com a função de melhor proteger a fauna que habita a restinga da região.

A iniciativa, tomada pelo governo municipal ainda no final de 2017, coloca o Município, ainda livre dos impactos diretos da atividade petrolífera na região, nos rumos da sustentabilidade, apostando na conciliação entre a conservação ambiental e o desenvolvimento de atividades econômicas a ela relacionadas, como o ecoturismo e o denominado turismo científico derivado da intensa pesquisa que já ocorre dentro do Parque de Jurubatiba por universidades de todo o mundo.

De imediato, porém, Carapebus já começará a usufruir neste ano de 2018 de uma parcela maior do ICMs Verde, que recompensa municípios que protegem áreas ambientais e tratam seus resíduos e efluentes, certamente subindo no ranking estadual, e aumentando sua arrecadação.

No médio prazo, estas unidades de conservação passam a dividir o bolo das contrapartidas ambientais pagas por empreendimentos na Bacia de Campos com o Parque de Jurubatiba, que em função de sua localização abocanha a maior parte das fatias desses recursos, podendo ser considerada uma das mais ricas unidades de conservação do País. A anunciada retomada da indústria do petróleo, aliada a grandes projetos logísticos em processo de licenciamento na região, trarão mais recursos principalmente para unidades de proteção integral situadas em áreas litorâneas, como as recém-criadas por Carapebus.

Recursos terão! Outra esperança, essa mais desafiadora, é que esses recursos não sejam motivo de cobiças mesquinhas de políticos e administradores picaretas e incompetentes, mas sim devidamente investidos na construção deste grande, moderno e promissor projeto de desenvolvimento sustentável.

7 comentários:

Unknown disse...

Proteger a biodiversidade se firmou como objetivo prioritário de todas as nações civilizadas. Isto porque mais recentemente consolidaram-se duas convicções de entendimento universal. Uma de que as ações humanas vêm destruindo o que resta dos habitats naturais do planeta de forma crescente e acelerada. Outra de que a manutenção da biodiversidade é essencial para o desenvolvimento social, econômico e científico da humanidade.
Parabéns Carapebus

Fernando Marcelo Manhães Tavares disse...

Maravilha, Márcia! Complementou magnificamente!!!

Unknown disse...

Que ótima notícia, Fernando. A criação de UC e o controle social sobre a política ambiental, são excelentes estrategias de preservação e conservação frente a irresponsabilidade humana. O desafio começa agora: fazer a população tomar para si a manutenção dessas UC! Parabens Carapebus.

Movimento Ônibus Já! disse...

Excelente artigo e notícia! Gestão ambiental de Carapebus de parabéns por essa iniciativa. Lembrando que para termos o meio ambiente preservado e recuperado precisamos todos somar forças para combater esse modelo civilizatório hegemônico baseado no capitalismo. Dar dignidade aos seres humanos excluídos para oportunizar-lhes ganho de consciência ambiental e cidadã. As lutas setoriais precisam se integrar em lutas globais antissistêmicas.

Unknown disse...

As UCs têm a função de salvaguardar a representatividade de porções significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, preservando o patrimônio biológico existente. Além disso, garantem às populações tradicionais o uso sustentável dos recursos naturais de forma racional e ainda propiciam às comunidades do entorno o desenvolvimento de atividades econômicas sustentáveis.
Carapebus mostra iniciativa e visão sustentável de futuro. Um instrumento como o ICMs Verde, é um recurso importantíssimo em momentos de crise que passa o país.
Macaé poderia seguir o excelente exemplo do nosso vizinho. O parque Municipal Atalaia, necessita urgente de ampliação. Com trâmites legal bem adiantados. Somente dependendo de "vontade" política.

Parabéns pela matéria Marcelo. Fico feliz com a reativação do blog.

Camile disse...

Ótimas notícias: a criação das UCs em um período de tanto retrocesso pra nossa luta por preservação e a reativação do teu blog! Vamos em frente.

Alexandre Mendes da Silva disse...

Enquanto isto em Macaé, na área de conservação nada acontece. Fernando Marcelo fico muito feliz pelo seu retorno a esta luta e divulgação das novidades ambientais. Como disse nosso amigo Rogério Peccioli estamos somente na dependência da "vontade" política.