Recentemente foi divulgada a notícia de que o lobby do agronegócio no Congresso Nacional quer alterar a forma como são criadas as unidades de conservação, passando esta competência ao legislativo.
Primeiro atacaram as Áreas de Preservação Permanente (APPs) numa tacada só na revisão do Código Florestal, diminuindo as áreas de proteção marginais a mananciais hídricos à revelia de parâmetros científicos e demonstrações trágicas da realidade.
Agora querem frear a criação de novas unidades de conservação, que protegiam minimamente ecossistemas importantes, sob a alegação da necessidade de se ampliar áreas cultiváveis como se já não fossem abundantes.
Como se não bastasse, nos últimos dias a presidente Dilma Roussef deu importante passo para desmoralizar nosso Sistema Nacional de Unidades de Conservação ao reduzir em centenas de quilômetros quadrados, por decreto, as áreas de três importantes parques nacionais na Amazônia, para legitimar obras de hidrelétricas e atividades de mineração em seus entornos, precedente para retrocessos inimagináveis.
A própria concepção para a criação de unidades de conservação já era insuficiente do ponto de vista da sustentabilidade. Parte do pressuposto da exploração inevitável, num salvem o que puder, sem recursos, pessoal e vontade governamental.
Permite o desmatamento de imensas áreas nativas, mantendo ínfima parte dela protegida como reserva, Parque, Apa, ou outra modalidade do sistema, projetando um futuro onde estas unidades serão museus a céu aberto, fragmentos de florestas em meio a um cenário de pastagens, soja e cidades. E mais, passíveis de redução de suas áreas quando surgirem empreendimentos que o “justifiquem”.
Todos sabem que biomas como o Cerrado, a Amazônia e a Mata Atlântica, prestam serviços ambientais que sustentam a própria economia, além da farta biodiversidade que mantêm, e cujas potencialidades ainda ignoramos em sua totalidade. Em vez de investimentos para pesquisar e explorar estes recursos, como matérias primas para a indústria farmacêutica, por exemplo, desmatamos para dar lugar a atividades extensivas insustentáveis.
As novas concepções para geração de energia e cultivo menos impactantes, em menor escala, e inclusivas, apesar de fartamente divulgadas, não encontram espaço neste modelo econômico mundial, onde tudo tem que ser feito em larga escala e dentro do menor prazo possível em função de uma otimização de custos, que só otimiza o bolso do acionista, ignorando custos sociais e ambientais.
É a roda que gira, torta, neste planeta econômico que reluta em permitir que se implante uma nova ordem na relação da civilização com os recursos naturais.
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