terça-feira, 22 de novembro de 2011

Estudo ambiental subestimou pressão dos reservatórios

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) encaminhado ao Ibama pela Chevron para a licença de operação no Campo de Frade em 2007 mostra que não foram detectadas “zonas de pressão anormal ou de alta pressão”, fornecendo os valores de 8,5 a 8,7 ppg (pounds per gallon) como as variáveis dos gradientes de pressão utilizados como parâmetros para a Empresa nos cálculos para controle da perfuração no poço que provocou o vazamento.


O presidente da subsidiária brasileira da Chevron, George Buck, admitiu que a empresa errou ao subestimar a pressão do reservatório de petróleo que atingiu com o novo poço exploratório em Frade (poço 9-FR-50DP-RJS) e superestimou a solidez da formação rochosa no fundo do mar. "Subestimamos a pressão no reservatório. Era mais alta do que esperávamos. O peso da lama foi programado para outra pressão" afirmou.

O petróleo vazou por meio do poço que estava sendo perfurado, migrou para as rochas por meio de fissuras nas paredes do poço e aflorou no fundo do mar, atingindo a superfície da água e formando as grandes manchas.

O estudo refere-se às fissuras nas paredes dos poços por onde podem ocorrer vazamentos e a utilização de lama como uma espécie de reboco no poço, cujo peso específico deve ser calculado, levando em conta, ainda, a capacidade de suporte de pressão das rochas que formam as paredes do poço.
Além do erro de cálculo, ocorreu uma demora excessiva, admitida por George Buck, no envio dos equipamentos de combate ao acidente e da lama pesada usada para interromper o vazamento, utilizando as instalações da Petrobras em Macaé para estas operações, sendo que não havia disponibilidade da lama que teve que ser transportada do Rio de Janeiro. (pre-sal.info - Fernando Marcelo Tavares)







Estas e várias outras falhas no combate ao acidente do Campo de Frade, a começar pela detecção do vazamento, feita pela Petrobras e não pela Chevron que operava o poço acidentado, condena o plano de contingência da empresa e põe sob suspeição a capacidade das empresas que operam em águas profundas e dos órgãos de fiscalização em lidar com as emergências nos campos petrolíferos brasileiros.

Estudo aponta instabilidade do fundo submarino do Campo de Frade

O estudo informa, ainda que o fundo submarino em alguns locais da área explorada pela Chevron pode ser instável, sujeito a deslizes e desmoronamentos em cânions submarinos e paredes íngremes e na parte noroeste do Campo, às margens de Cânions e em áreas vizinhas das depressões largas.

Apesar de identificar diversas falhas no solo marinho, o estudo não previu o risco de liberação de óleo por meio de fissuras no solo submarino, como revelado pelo Diário da Costa do Sol em 16 de novembro, simulando a ruptura do casco da FPSO e o conseqüente vazamento de todo o óleo armazenado, como o pior cenário de um acidente com vazamento, mas mesmo assim, considerado como de média magnitude.





Um comentário:

Rafilsk disse...

Fernando, a situação do poço durante o vazamento era de perfuração ou produção?
Não vejo como haver migração de óleo pelo poço e não ser percebido ganho de volume pelos responsáveis da sonda.
Não seria então o caso da trajetória ter retirado a rocha que funciona como 'capa' do reservatório?