sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Vazamento: e os pescadores que se danem ....


Chevron ignora prefeituras e colônias de pesca, deixando sem informação milhares de pescadores que trafegam pela região por onde se espalha a mancha.

Desde a descoberta do vazamento de óleo no Campo de Frade na Bacia de Campos no dia 8 e seu primeiro comunicado no dia 9 de novembro, nenhum comunicado oficial foi feito às colônias de pescadores e secretarias municipais de meio ambiente e pesca das cidades litorâneas da área de influência do empreendimento, sobre o problema. Nenhuma nota do Ibama, da ANP, da Marinha e da Chevron, a respeito do vazamento ou contendo orientações aos pescadores com relação ao posicionamento da mancha de óleo.

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) que fundamentou o licenciamento do Campo de Frade, prevê o compromisso da empresa estabelecer um canal de comunicação com os municípios litorâneos, em especial com os pescadores, usuários da área afetada.

O Documento, refere-se a um programa que “ define diretrizes e implementa ações para estabelecer um canal de comunicação entre a Chevron e as comunidades litorâneas, com especial atenção ao segmento pesqueiro, já que este possui maior interface com a atividade em decorrência do uso do espaço marítimo”.

Desde o primeiro anúncio do vazamento no dia 9 de novembro, feito na Dow Jones em Nova York, bem longe de São João da Barra ou São Francisco de Itabapoana, nenhuma satisfação foi dada a quem mais interessava saber: os pescadores.

O subsecretário de Pesca de Macaé, José Carlos Bento, confirma não ter recebido nenhum comunicado da Chevron, Ibama, ANP ou Marinha sobre o vazamento ou posição da mancha para orientação aos pescadores, e reclama: “Além do impacto no ecossistema marinho, tem o tempo em que o pescador terá que ficar afastado desta área, muito usada para a pesca. É preciso considerar isso para mensurar os danos”.

O presidente da Colônia de Pesca Z-3, sediada em Macaé, Marcelo Pereira, também confirma não ter recebido nenhum comunicado oficial sobre o vazamento, “nem mesmo os tradicionais “alertas aos navegantes”, que invariavelmente informam os locais onde estão sendo realizados testes sísmicos. A Colônia Z-3 tem 1800 associados possuindo em seu cadastro, cerca de 350 embarcações de pesca.

Também ficaram sem informações as colônias de Pesca Z-1 e Z-2, de São Francisco de Itabapoana e São João da Barra, respectivamente, áreas mais próximas ao local do vazamento.

“Eles não procuram a gente para nada. Esta mancha é o triplo do que estão falando. Alugam o mar, e o pescador tem que ser afastado”, protesta o pescador William Pereira, presidente da Colônia de Pesca Z-2 de São João da Barra. “Temos 60 barcos de pesca do Dourado parados. E tem, ainda, o problema da contaminação dos peixes”, alerta.

Já o presidente da Colônia de Pesca Z-1, de São Francisco de Itabapoana, José Geraldo Soares, informa ter entrado em contato com a Chevron por iniciativa própria. “Como não informaram nada, fui atrás, já que este vazamento está acontecendo em nossa maior área pesqueira. Quero receber informações. Quero saber de tudo”, exige. Estão associados à Colônia Z-1, 600 barcos de pesca que praticam a captura do camarão Sete Barbas, a pesca de linha e espinhal em alto mar. (Fonte: Fernando Marcelo Tavares – pre-sal.info)



Municípios da Área de Influência do Campo de Frade

- Niterói, no Rio de Janeiro, por ser o município onde se localizará as Bases de

Apoio.



- São João da Barra, Campo dos Goytacazes, Quissamã, Carapebus, Macaé,

Rio das Ostras, Cabo Frio, Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, Araruama e

Saquarema, no litoral Norte do Estado do Rio de Janeiro por serem potenciais

áreas afetadas no caso de um vazamento de óleo em grandes proporções.



- Itapemirim, no Estado do Espírito Santo, São Francisco de Itabapoana, São

João da Barra, Macaé, Cabo Frio, e Niterói, no Estado do Rio de Janeiro por

possuírem frotas pesqueiras que atuam na AID, e estarem sujeitos a

interferências em suas atividades pesqueiras.



- Cabo Frio, Búzios, e Arraial do Cabo, também por serem sujeitos a

interferência com suas atividades de recepção de cruzeiros marítimos, no caso

de um vazamento de óleo em grandes proporções.



- Presidente Kennedy, São Francisco de Itabapoana, São João da Barra e

Campos, por estarem sujeitos ao recebimento da maior parte da distribuição

municipal dos royalties gerados pela atividade de produção

Chevron fez lambança na África e na Amazônia

Assim como algumas das maiores companhias de extração de petróleo do mundo, a Chevron acumula um histórico de acidentes polêmicos. Em 2002, a empresa foi a primeira grande multinacional multada por um país africano por danos ao meio ambiente graças a um vazamento na costa de Angola. A maior polêmica, no entanto, aconteceu bem perto do Brasil. No Equador, a Chevron foi condenada a pagar uma multa recorde de US$ 9 bilhões de dólares pelo despejo de milhões de barris de produtos químicos na Floresta Amazônica.

Até hoje a empresa se recusa a pagar a quantia e se diz vítima de um julgamento injusto na corte equatoriana. O incidente inspirou o aclamado documentário "Crude", dirigido por Joe Berlinger.

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