Qual o real tamanho do problema no caso do vazamento no campo de Frade? A mancha de óleo pode chegar ao litoral? Como é essa fissura de 300 metros, por onde vaza o óleo? Mil ou 3.700 barris por dia? O vazamento diminuiu ou aumentou?
Como se nota, nesta história do vazamento do campo de Frade há mais desinformação do que informação. Foram constantes as divergências entre os dados divulgados pela Chevron, ANP, IBAMA e agências de notícias governamentais, desde o primeiro comunicado no dia 9 de novembro. A empresa chegou a divulgar nota informando que o vazamento estava reduzido a um “gotejamento ocasiona”l. A história estava sendo tão mal contada que Polícia Federal acusou a empresa de mentir e abriu inquérito para apurar danos e responsabilidades.
As dúvidas e desconfianças a cada comunicado divulgado cresceram e começam a tomar forma de indignação, e preocupam, porque revela um comportamento furtivo e de poucas palavras da empresa, próprio de quem está sob pressão e se prepara para uma guerra judicial.
Preocupa, ainda mais as projeções divulgadas pela Ong Sky Thrut, especializada em análise de imagens de satélite, de 15 mil barris já vazados, com uma vazão diária de 3.770 barris; a revelação de que a fissura provocada pela perfuração é na verdade uma fenda gigante de 300 metros ou mais; e a conseqüente dificuldade em vedar uma abertura destas dimensões no subsolo oceânico, a 1200 metros de profundidade.
E aí, é inevitável que nos assombre o fantasma de Macondo, o terrível vazamento no Golfo do México protagonizado pela BP em 2010, trazendo séria reflexão sobre os riscos da exploração intensiva em águas profundas. E nos faz lembrar do péssimo histórico da Chevron em Angola e na Amazônia Equatoriana.
Pensando positivamente, podemos afirmar que mesmo que este vazamento cesse agora, e não produza maiores impactos ambientais, já contribuiu para a implementação de parâmetros mais rigorosos para a concessão de licenças ambientais para novas atividades do gênero em especial no pré-sal. Pelo menos é o que se espera. Abrolhos agradeceria muito, já que está autorizada a exploração a 50 km daquele santuário ecológico.
Por não ter previsto a possibilidade de vazamentos oriundos de exsudação (migração do óleo de um lugar para o outro no subsolo oceânico) através de fissuras provocadas pelo processo de perfuração, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do Campo de Frade deveria ser revisto e aperfeiçoado, ficando sob suspensão a licença de operação concedida. O Ibama deveria, ainda, depois de aperfeiçoar seus parâmetros revisar todos os empreendimentos exploratórios licenciados nas bacias de Campos, Santos e Espírito Santo.
Ah! E dar uma melhorada na comunicação, ponto fraco de todos os envolvidos neste lamentável episódio. Sujaram o mar e mataram a informação! (Fernando Marcelo Tavares – pre-sal.info)
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