terça-feira, 20 de dezembro de 2011

República Democrática da Praia

Chegando o Verão impossível não pensar em praia, este espaço democrático de convivência pacífica e prazerosa, onde a origem de diferenças ou conflitos se resume a boladas involuntárias de jogos praianos ou a convivência entre pranchas e banhistas, na maioria das vezes resolvidos com um simples pedido de desculpas.

Não tem pobre nem rico, preto, branco ou amarelo, católico, espírita ou evangélico. Na praia, de sunga, calção, biquíni ou maiô, todos são iguais perante a areia, o sol e o imenso oceano.

Mas este super-espaço democrático pode, e muito, ser palco, ou arena, para o exercício da cidadania, seja com as já normais campanhas do tipo “mantenha limpa a sua praia”, seja de outra forma, como foi o caso das praias do Pecado e dos Cavaleiros em Macaé em passado nem tão distante assim.

Através dos já tradicionais “abraços do Pecado”, organizado pelo movimento SOS Praia do Pecado, ambientalistas reivindicam a desapropriação de uma grande área e sua transformação em Parque Natural, e que há 20 anos vêm impedindo a exploração imobiliária do local, bem como a construção de uma via de ligação da Avenida Atlântica entre a Lagoa e os Cavaleiros, mantendo um espaço natural da praia.

A Praia dos Cavaleiros também foi palco de muitos protestos e campanhas no final da década de 1980 e início dos 90, no século passado. Aproveitando a grande freqüência da praia nos fins de semana no Verão, um grupo de ambientalistas, poetas e artistas, organizou durante anos o “Varal de Poesias” que ficava pendurado entre duas árvores no calçadão, chamando a atenção dos banhistas que ali passavam, para algum tema, geralmente de ordem ambiental e que geralmente envolvia a defesa da própria praia.

Foi assim que foi impedida a retirada de toda a restinga para a construção de um calçadão, evitando que hoje, o avanço do mar, não seja tão drástico quanto seria sem aquela vegetação. Foi assim, também, que foi repudiado um projeto de um Pólo petroquímico para Macaé, numa época em que produzia impactos terríveis. Da mesma forma aconteceu para que não fosse instalada uma super-monobóia da Petrobras junto ao Arquipélago de Santana, projeto denunciado num palanque de campeonato de surf, e rapidamente repudiado pelos freqüentadores da praia, motivo de muitos shows musicais e varais de poesia.

A série “ República Democrática da Praia” que esta semana começa a ser publicada no Diário da Costa do Sol sobre as praias macaenses, vai relembrar muitas destas ações populares espontâneas e desvendar mais um pouco toda a magia que a praia exerce sobre as pessoas. (Publicado no Diário da Costa do Sol em 18.12.11 – abertura da série “República Democrática da Praia)

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