sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Abertura da barra da Lagoa de Imboassica ainda gera polêmica



Apesar de ser realizada periodicamente, a abertura da barra da Lagoa de Imboassica ainda é capaz de gerar boas e interessantes polêmicas, como no passado, quando esta abertura ainda era feita manualmente e sem controle pelos moradores dos bairros vizinhos para evitar o alagamento de suas casas.
O biólogo Guilherme Sardemberg, presidente da Câmara Técnica de Lagoas do Comitê das Bacias Hidrográficas dos rios Macaé e das Ostras, considerou necessária a abertura da barra da Lagoa para a renovação de suas águas. “A última abertura foi feita no ano de 2009 proporcionando grande acúmulo de poluentes orgânicos que ainda são despejados na Lagoa até os dias de hoje”, pondera Guilherme, que lembra da existência do canal extravasor como alternativa para manter o nível da Lagoa num patamar que não cause alagamentos nos bairros vizinhos.

“A abertura da barra é positiva sob todos os aspectos se for feita com critérios científicos e não apenas para prevenir os alagamentos no entorno”, defende, ressaltando que o canal extravasor tem exatamente a função de controlar o nível da Lagoa, e esse controle poderia ter sido iniciado no mês de dezembro com o inicio das chuvas, evitando a abertura da barra sob pressão destes alagamentos.

O canal extravasor da Lagoa de Imboassica foi reformado e reinaugurado em agosto de 2011 para controlar o nível da Lagoa evitando as cheias no entorno e a consequente pressão popular para que a barra seja aberta.

Uma das condições básicas na gestão da Lagoa de Imboassica, é o controle do nível das águas que sempre foi feito pelo canal extravasor, e que hoje, em função das reformas realizadas, possui maior eficiência e melhores condições de manejo.

As aberturas de barra mais recentes realizadas na Lagoa de Imboassica, ocorreram em 2006 de forma controlada, e várias outras entre 2008 e 2009 de forma descontrolada por iniciativa de moradores e pescadores.

Guilherme lembra, ainda, que há diversos estudos em andamento na Lagoa, demonstrando preocupação com possíveis descontinuidades das pesquisas com a abertura da barra sem as devidas notificações junto às instituições científicas responsáveis por estes estudos.



Falta de notificação pode atrapalhar pesquisas

O professor Francisco Esteves, diretor do Nupem e pesquisador das lagoas costeiras de nossa região há mais de 20 anos, informa que o órgão não foi avisado com antecedência sobre a decisão de abrir a barra da Lagoa de Imboassica.

“Infelizmente tomei conhecimento da abertura através dos jornais”, lamenta o professor que confirma a existência de pesquisas na Lagoa de Imboassica, mas minimiza os impactos da abertura da barra no andamento destes estudos: “realmente a abertura de barra sem aviso atrapalha o andamento das pesquisas, mas sempre tomamos algumas ações preventivas neste período para não inviabilizar os trabalhos”.

O coordenador do Nupem acha que a única alternativa para a Lagoa é a eliminação do despejo de esgotos e a paralisação da ocupação desordenada em seu entorno. Feito isso, “não será mais necessária a abertura da barra da lagoa de Imboassica, que já uma lagoa urbana sem a função de pesca, considerando que não é mais utilizada por pescadores profissionais”, opina o cientista. “Hoje a Lagoa de Imboassica é um depósito de esgoto, mais nada”, conclui.

O pescador e técnico da Sema responsável pela Lagoa de Imboassica, Tio Jorge (de colete na foto), afirma que a Sema enviou email ao Nupem informando sobre a abertura da barra. Ele concorda que é necessário a urgente despoluição da Lagoa de Imboassica, mas discorda do pesquisador quanto às aberturas de barra: "a Lagoa pode até se transformar numa lagoa urbana, mas ela nunca deixará de ser uma lagoa costeira que periodicamente deverá ter sua barra aberta para troca das águas com o oceano”.



A partir de sábado pesca está proibida na barra da Lagoa



Diferentemente do que ocorreu nas aberturas controladas anteriores, a pesca na barra está sendo permitida até 72 horas após sua abertura com o mar. Nas vezes anteriores, assim que o mar passava a jogar água para dentro da Lagoa a pesca era proibida para permitir a entrada de espécies do mar na Lagoa e garantir seu repovoamento antes do fechamento natural da barra.

O pescador e técnico da Sema, Tio Jorge, informa que este prazo foi decidido em ampla discussão no Conselho Municipal de Meio Ambiente, mas reconhece que esta decisão pode ser revista em função dos fatos apurados nesta abertura.

É que o mar passou a jogar água para dentro da Lagoa antes das 72 horas previstas pela resolução aprovada pelo Conselho, legitimando a pesca na barra quando os peixes estariam tentando entrar na Lagoa.

Enquanto isso surfistas caem em frente à barra aproveitando o tradicional banco de areia que se forma nas aberturas de lagoa, com ondas perfeitas para os dois lados, não havendo informações sobre restrições de horário para a prática do esporte durante o processo de repovoamento.

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