sábado, 21 de janeiro de 2012

Acidentes e atropelamentos de animais na BR 101 devem diminuir com duplicação



A duplicação da BR 101 é considerada uma das principais obras de infraestrutura do Estado do Rio de Janeiro pelo que representa para a economia do Estado. Muito mais que fomentar a economia, no entanto, a duplicação da rodovia da morte, como já vem sendo chamada, tem razão humanitária diminuindo os riscos de acidentes e salvando muitas vidas humanas. De 2005 a 2008 ocorreram no trecho entre Rio Bonito e Rio Dourado, em fase de licenciamento, 1496 acidentes, dos quais 97 com mortes e 419 com feridos, numa média de mais de 1 acidente por dia.

Mas não são só as pessoas que estão perdendo a vida ou se lesionando gravemente na BR 101. Os animais silvestres também morrem em abundância ou se ferem gravemente passando os restos de suas vidas em cativeiro, atropelados na rodovia principalmente nos trechos onde a estrada corta a mata nativa, como demonstra estudo patrocinado pela concessionária da rodovia, a Autopista Fluminense visando dimensionar o impacto da rodovia sobre a fauna silvestre.

Realizado entre os anos de 2008 e 2011 o estudo teve o objetivo de identificar as áreas onde deverão ser tomadas as medidas para evitar ou diminuir estes incidentes que impactam a fauna da região e também causam acidentes na rodovia.

O estudo levantou que a taxa de animais atropelados por quilômetro e por dia na BR-101 Norte/RJ no período, foi de 0,004 indivíduos/km/dia, uma taxa considerada muito alta, duas vezes e meia maior que as taxas de atropelamento de animais silvestres em outras rodovias brasileiras.

Traduzindo em números absolutos, o estudo identificou junto à estrada, no período do estudo, 438 animais, atropelados ou sob risco de atropelamento, de 30 espécies diferentes.
A maioria das espécies ameaçadas de extinção encontradas foi a preguiça (33 indivíduos), seguida do mico-leão-dourado e jaguatirica, com quatro indivíduos cada.
O estudo vai orientar a implantação de uma série de artifícios nos locais com maior índice de atropelamentos registrados, visando evitá-los, como cercas, passagens subterrâneas, pontes, passagens suspensas, passagens associadas a riachos, além do corte permanente da vegetação às margens da estrada, possibilitando ao motorista visualizar em tempo algum animal à beira da estrada.
As passagens subterrâneas são destinadas a três tipos de animais segundo o estudo: animais de pequeno, médio e grande portes
Além da implantação de cercas e passagens nos trechos onde a rodovia corta as reservas Biológicas de Poço das Antas e União,e a Apa do rio São João e Mico Leão Dourado, a Autopista Fluminense deverá, também, investir na implantação de um Centro de Tratamento de Animais Silvestres (Cetas) para atendimento dos animais atropelados na rodovia.





Passagens subterrâneas têm eficiência comprovada

O objetivo principal das passagens subterrâneas é promover a conectividade da fauna terrestre presente nos dois lados da rodovia. Quando instaladas em conjunto com cercas de proteção, ajudam a reduzir a entrada de animais na área de domínio da rodovia, responsável pelos atropelamentos, quase sempre fatais à fauna, e acidentes de trânsito.

As primeiras passagens subterrâneas para animais silvestres foram construídas na França, durante a década de 1950. Países europeus, incluindo a Holanda, Suíça, Alemanha e França, têm utilizado várias estruturas de passagem de fauna para reduzir o número de atropelamentos nas estradas há várias décadas . Diversos estudos indicam que este tipo de passagem reduziu os índices de atropelamentos de animais silvestres nas rodovias onde foram instaladas em até 87%.



Preocupação com aterros de áreas alagadas

Os aterros de várzeas e brejos em algumas áreas próximas à rodovia, e a grande movimentação de terras das obras de duplicação são outro grande problema ambiental que tem preocupado ambientalistas e técnicos dos comitês das bacias hidrográficas cortadas pela BR 101, pelo impacto que causará em ecossistemas importantes vitais também para o equilíbrio hidrográfico de regiões mais sensíveis.

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da duplicação da BR 101, entre Rio Bonito e Rio Dourado, reconhece a importância deste impacto negativo sugerindo novos traçados e a inversão do lado da duplicação da rodovia em alguns pontos.

O Estudo prevê, somente neste trecho, a escavação para aterro de 3 milhões de m3 de terra, o equivalente a 150 mil caminhões cheios de terra

Nenhum comentário: