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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Estudo Ambiental da duplicação da BR 101 não previu combate a incêndios florestais
Técnicos da Reserva Biológica União fizeram ressalvas no Estudo de Impacto Ambiental da duplicação da BR 101 no trecho entre Rio Bonito e Rio Dourado. O Estudo não contempla um programa de combate a incêndios florestais, comuns nas áreas da APA do Rio São João e das reservas União e Poço das Antas, cortadas e margeadas pela BR. O projeto apresentado dificulta o acesso a áreas ambientalmente importantes como a do reservatório de Juturnaíba que abastece de água diversos municípios da região dos Lagos.
O Chefe da Reserva Biológica União, Withson da Costa, lamentou, ainda, o pouco tempo que tiveram para analisar o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), um documento com mais de mil páginas que tiveram que ser analisadas em 30 dias.
O estudo foi encaminhado às administrações das reservas União e Poço das Antas e à Apa São João, as duas últimas dentro da área de abrangência do trecho em licenciamento.
Apesar da omissão do EIA com relação aos incêndios florestais, Whitson revela que desde que a Autopista Fluminense assumiu a BR, não aconteceu um grande incêndio nas áreas protegidas. Ele atribui o dado positivo aos serviços de limpeza e capina na área de domínio da BR. Os maiores causadores de incêndios florestais na região são as pontas de cigarros jogadas pelos ocupantes dos veículos que trafegam pela BR, e os serviços de capina, evitam que o incêndio se inicie na beira da estrada.
Withson cita também o procedimento da empresa com relação ao atropelamento de animais silvestres, um dos principais impactos negativos da estrada sobre a fauna da Mata Atlântica da região. “Recolhem as carcaças dos animais atropelados mortos para serem taxidermizados (empalhados) e socorrem os que sobrevivem através de uma clínica veterinária de Casimiro de Abreu, cujos custos a empresa assume”. relata.
Meio ambiente não atrasa duplicação da BR
Whitson lembra que não houve atrasos no cronograma do licenciamento ambiental da duplicação da BR 101 por conta de questões ambientais. “O atraso que houve foi em função das reivindicações da população de Casimiro de Abreu que não ficou satisfeita com os acessos que a empresa projetou para algumas de suas localidades e distritos. Não teve nada a ver com meio ambiente”, esclarece em resposta a uma série de declarações feitas por vereadores colocando o meio ambiente como obstáculo para a duplicação. “Não é verdade, não sabem do que estão falando. São discursos atrasados e retrógrados”, protesta Whitson, aproveitando para convidar a classe política a conhecer a Reserva. “Nunca veio ninguém aqui conhecer nosso trabalho”, reclama.
O Chefe da reserva União diz que não há objeção do Instituto Chico Mendes à duplicação da BR apesar de afetar a Unidade: “a duplicação, se bem feita, com as precauções necessárias, causará menos impacto à Reserva, do que a BR causa hoje com uma pista só” , opina, mostrando que há interesses mútuos em jogo e que a duplicação da BR vai ser boa para todo mundo, inclusive para os animais silvestres que contarão com diversos artifícios para prevenir os inúmeros atropelamentos na rodovia, o que não existe hoje, com exceção das placas de sinalização instaladas próximas às áreas florestadas.
Etapas da duplicação
A duplicação da BR 101 entre os municípios de Rio Bonito e Campos vai ocorrer em três etapas: a primeira, do trevo dos 40 a Campos, considerada mais simples do ponto de vista do licenciamento ambiental, considerando não haver nesse trecho, unidades de conservação cortadas pela estrada; a segunda, de Rio Bonito a Rio Dourado, cujo licenciamento se encontra em sua fase prévia; e a terceira, prevista para o ano de 2016, de Rio Dourado ao trevo dos 40, considerada a mais complexa do ponto de vista ambiental por cortar boa parte da Reserva Biológica União.
Trilha para deficientes na Reserva União
Situada entre os municípios de Casimiro de Abreu, Macaé e Rio das Ostras, e considerada a reserva mais estudada do Brasil, a reserva Biológica União desenvolve uma série de projetos voltados para a educação ambiental, como a edição de um livro em linguagem simples com o resumo dos principais estudos realizados na Unidade e a implantação de uma trilha interpretativa especialmente criada para deficientes físicos, atendendo a todo tipo de deficiência.
Outro projeto em andamento na reserva é a montagem de coleções de animais empalhados, a maioria vítimas de atropelamentos, recolhidos pela Autopista Fluminense. São tantos animais atropelados segundo o chefe da Reserva, que afirma estar sempre com o freezer cheio de animais mortos na estrada recolhidos pela concessionária. Quase todas as espécies estão representadas na coleção, menos a onça parda, e que já começam a compor duas coleções de animais taxidermizados, uma científica, destinada ao Nupem (Núcleo de Pesquisas Ecológicas da UFRJ), e outra educativa, que vai ficar exposta à visitação na sede da Reserva.
(Na próxima edição, o impacto da BR sobre os animais silvestres e como a duplicação poderá reduzir o índice de atropelamentos)
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